Na última segunda-feira, dia 20 de novembro, o Brasil se absteve diante de uma resolução sobre os direitos humanos no Irã na Terceira Comissão da Assembleia Geral da ONU. O Brasil registra um preocupante padrão de votação nestas resoluções. Desde 2001, com exceção de 2003, o país vem se abstendo em resoluções que condenam a situação de direitos humanos no Irã.
A resolução que não contou com o apoio do Brasil, além de apresentar uma lista de abusos recorrentes no Irã, solicita ao governo iraniano a garantia de eleições parlamentares livres e justas em 2012. Ela pede também o fim, tanto na legislação iraniana como na prática, das execuções públicas e do uso dos métodos de apedrejamento e enforcamento.
Para Conectas, a posição brasileira foi incoerente. No Conselho de Direitos Humanos da ONU, em março de 2011, o governo Dilma votou a favor da criação de uma relatoria especial da ONU para a situação de direitos humanos no Irã. Importante destacar que a então recém-eleita presidente Dilma Rousseff foi firme também ao criticar a abstenção brasileira em resolução semelhante em dezembro de 2010, afirmando não compartilhar dessa posição na época.
A incoerência é reforçada pelo fato de que o apoio brasileiro à criação da relatoria especial, em março, deu-se com base em fatos que infelizmente persistem: violações sistemáticas por parte do governo iraniano e ausência de cooperação do Irã com a ONU. “Como os fatores não mudaram, nenhuma outra posição que não o voto a favor era pertinente e fica a dúvida sobre que fatores orientaram o voto brasileiro, se não a situação das vítimas dos abusos do governo iraniano”, conclui Camila.