Brasil tem um jornalista assassinado para cada mês de 2012
País ocupa 2ª pior posição no ranking do INSI, atrás da Síria. Conectas discute casos com parceiros na ONU
País ocupa 2ª pior posição no ranking do INSI, atrás da Síria. Conectas discute casos com parceiros na ONU
Os quatro primeiros meses do ano foram marcados por uma série de assassinatos de jornalistas que fizeram o Brasil despencar nos principais rankings de monitoramento de liberdade de expressão. Para o International News Safety Institute (INSI), ligado à Federação Internacional dos Jornalistas, o Brasil ocupa o segundo lugar na lista dos países mais perigosos para a imprensa em 2012, atrás da Síria (com 10 mortes) e junto com a Somália. Para a ONG Repórteres Sem Fronteiras, o País caiu 41 posições e, no ranking do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, o Brasil aparece como o 11º país no índice de impunidade em crimes contra a imprensa.
A Conectas – que em março apresentou um quadro sobre a violência contra jornalistas na América Latina, durante a 19ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra – alerta para o risco da banalização dos crimes contra a imprensa e cobra das autoridades brasileiras rigor na apuração, para esclarecer em que medida cada um dos crimes está ligado ou não ao exercício da profissão.
“Impedir o trabalho, ameaçar ou matar jornalistas sempre foi uma maneira brutalmente eficaz de romper toda a cadeia de respeito aos direitos humanos. É uma forma sórdida de abrir caminho para que crimes de corrupção, seqüestro, tortura, tráfico, grilagem e tantos outros que impactam negativamente sobre os direitos humanos continuem acontecendo escondidos”, disse João Paulo Charleaux, coordenador de Comunicação da Conectas.
O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Moreira, se diz “indignado com a quantidade de assassinatos de jornalistas registrados neste ano e com o descaso de autoridades federais ante o recrudescimento dos ataques”. Na avaliação de Moreira, a impunidade em casos como esses aumenta exponencialmente o risco que profissionais da imprensa correm em todo o Brasil.
Os quatro assassinatos de jornalistas ocorridos no Brasil desde janeiro foram comunicados pela Conectas a um grupo de ONGs e missões diplomáticas que discutem na ONU em Genebra formas de aplacar os efeitos destes crimes sobre repórteres que exercem em sua profissão o papel de defensores dos direitos humanos.
Hoje, (27/04), a organização comunicou todos os parceiros envolvidos no tema sobre o assassinato de Décio Sá, de 40 anos, morto a com seis tiros num restaurante de São Luiz do Maranhão no dia 23. Ele era repórter de política do jornal O Estado do Maranhão, além de ser editor de um site de notícias e opiniões local. Sá havia trabalhado para o jornal Folha de S. Paulo.
Jornalistas mortos em 2012 no Brasil
Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, conhecido como Paulo Rocaro, 51 anos, editor-chefe do Jornal da Praça, em Ponta Porã (MS) e do site Mercosul News – Morto no dia 12/02/2012, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, distante 346 km de Campo Grande. Trafegava num veículo na Avenida Brasil quando foi atingido por disparos efetuados por um motociclista. O jornalista chegou a ser socorrido e levado a um hospital, mas morreu no dia seguinte.
Mário Randolfo Marques Lopes, 48 anos, chefe de reportagem do site Vassouras na Net, em Barra do Piraí (RJ) – ?Ele e a namorada, Maria Aparecida Guimarães, foram encontrados mortos na madrugada de 09/02/2012 na BR-393, em Barrra do Piraí. Os dois estavam com marcas de tiros pelo corpo. Randolfo já havia sido vítima de uma tentativa de homicídio no ano passado, quando foi atingido por cinco disparos dentro de seu escritório em Vassouras (RJ).?
Laércio de Souza, 40 anos, jornalista da rádio Sucesso, em Camaçari (BA) – ?Morto a tiros em 03/01/2012 no bairro Jardim Renatão, na cidade vizinha de Simões Filho, onde morava. Dois homens atiraram em Souza enquanto ele acompanhava obras de construção de um galpão em terreno de sua propriedade. O radialista ainda teria tentado fugir para uma casa próxima, mas foi alcançado pelos atiradores, que fugiram em seguida.?
Décio Sá, 42 anos repórter de política do jornal O Estado do Maranhão (MA) – Morto no dia 23/04/2012 no restaurante Estrela do Mar, na Avenida Litorânea de São Luiz ,com seis tiros disparados por uma pessoa que saiu do banheiro do local, atirou a queima roupa e fugiu, sem capuz, na garupa de uma moto. Décio Sá também tinha um blog sobre política e trabalhou para a Folha de S. Paulo.