O ECOSOC (Conselho Econômico e Social) das Nações Unidas elegeu o Brasil na segunda-feira, 16, como novo membro do Comitê sobre Organizações Não-Governamentais para o mandato de 2019 a 2022.
Criado a partir da resolução 1996/31 do ECOSOC, o Comitê acompanha o relacionamento da sociedade civil com a ONU, avaliando os pedidos de credenciamento de ONGs junto às Nações Unidas e os relatórios encaminhados pelas ONGs acreditadas. O Comitê é composto por 19 países, com mandatos de quatro anos renováveis indefinidamente.
Esta resolução especifica também que o Comitê deve se reunir com as ONGs acreditadas antes das suas sessões, e em quaisquer outras ocasiões necessárias, para discutir assuntos ligados à relação das organizações com a ONU. Cerca de 4,5 mil entidades de todo o mundo possuem status consultivo.
De acordo com Camila Asano, coordenadora de programas da Conectas, a eleição do Brasil é uma oportunidade de cobrar do país uma atuação mais transparente do Comitê e garantir a participação plural da sociedade civil nas discussões realizadas no âmbito das Nações Unidas.
“O Comitê de ONGs é a porta de entrada da sociedade civil na ONU. É por meio da acreditação concedida por esta entidade que ONGs de todo o mundo podem levar denúncias de violações ao conhecimento de outros países”, disse Asano.
“Cobraremos firmemente do Brasil que proponha políticas de transparência sobre as decisões e atividades do Comitê bem como apoie a acreditação de organizações de países notadamente violadores de direitos”, complementa.
Transparência
Com status consultivo na ONU desde 2006, a Conectas foi impedida de se pronunciar durante a abertura da sessão regular do Comitê em fevereiro do ano passado. A organização criticaria a falta de transparência do órgão e pediria medidas para ampliar o acesso da sociedade civil através da facilitação do processo de acreditação – sobretudo para aquelas que dispõem de poucos recursos e não podem viajar constantemente para acompanhar o processo de concessão de status.
Em 2014, em seu relatório à Assembleia Geral da ONU, o então relator especial sobre liberdade de reunião pacífica e associação, Maina Kiai questionou o constante indeferimento de candidaturas e os questionamentos intermináveis a que algumas entidades são submetidas em seu processo de admissão – algo que, na prática, inviabiliza a aprovação. Países como China, Rússia e Índia são conhecidas por sistematicamente negar acesso a organizações que críticas suas políticas locais.