A Conectas e a Comissão Arns publicaram uma nota conjunta em resposta à manifestação do Estado brasileiro na 44° sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Na ocasião, a Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, externou sua preocupação a países que ainda refutam a gravidade da pandemia de Covid-19.
De acordo com a nota, nos dois momentos em que a diplomacia brasileira tomou a palavra, tentou-se apresentar um compromisso responsável do governo no combate à pandemia que não se verifica na realidade.
As entidades traçam ainda pontos em que o Brasil não tem atendido de maneira devida aos grupos mais vulneráveis. Entre eles, as graves falhas no acesso ao auxílio emergencial, além da falta de políticas para garantir à população indígena e negra na segurança alimentar, financeira e de saúde.
A Comissão Arns e a Conectas, participantes, de forma remota, da 44ª sessāo do Conselho de Direitos Humanos da ONU, expressam sua perplexidade e discordância com as declarações do governo brasileiro em Genebra. Após manifestação da Alta Comissária de Direitos Humanos, Michelle Bachelet, externando sua preocupação com países que negam a gravidade do novo coronavírus ao citar Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e Estados Unidos, eis que a delegação brasileira tomou a palavra duas vezes para defender o que hoje, a nosso juízo, é indefensável.
Dividido em três tópicos, o Brasil que emerge nas falas diplomáticas – uma delas em resposta às organizações da sociedade civil, entre elas, a Conectas e a Comissão Arns – exibe total desconexão com o Brasil real:
Quanto ao SUS, tão elogiado em Genebra nas vozes oficiais, este não é mérito de um governo que sequer se compromete em salvar vidas ou de corrigir o crônico subfinanciamento do sistema por mais de uma década. O SUS é conquista da Nação.
A diplomacia brasileira garantiu que o país vive uma “democracia vibrante”, porém, é preciso corrigir: uma democracia resiliente.
Não é pouco o que se exige dos brasileiros e das brasileiras hoje, confrontados a cada dia com a escalada de mortes pela Covid-19, o questionamento oficial irresponsável das orientações da OMS, e, sobretudo, a falta de horizontes para a maioria da população – em especial, e como sempre, os mais pobres e vulneráveis.