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28/11/2012

Brasil decepciona e se abstém na ONU diante de crimes cometidos pelo Irã

Governo Dilma perde chance de defender vítimas do regime na Assembleia Geral da ONU

Ministerial Meeting on the Chemical Weapons Convention (CWC) Ministerial Meeting on the Chemical Weapons Convention (CWC)

O governo brasileiro se absteve hoje na votação na Terceira Comissão da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque que condenava violações de direitos humanos cometidas pelo Irã – o país campeão na aplicação de pena de morte no mundo em termos per capita, além de ser também o que mais prende jornalistas e um dos que menos colabora com os relatores das Nações Unidas.

“Decepção. Essa é a palavra que resume nosso sentimento e o de muitos brasileiros que esperavam do País uma atitude coerente em matéria de direitos humanos”, disse Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas. “Sinceramente, não sei que novo modelo de liderança internacional o Brasil pode propor quando incorre em erros gritantes como este”, completou.

Em 2010, já eleita, a presidente Dilma Rousseff havia dito em entrevista ao jornal Washington Post que não concordava com a abstenção do Brasil em resolução semelhante. Desde 2001, com exceção de 2003, o Brasil vinha se abstendo diante de resoluções sobre o Irã.

No dia 31 de outubro, Conectas havia enviado, em conjunto com a Campanha Internacional para os Direitos Humanos no Irã (ICHRI , na sigla em inglês), um total de 32 cartas a todos os países do Grulac (Grupo de Países Latino-Americanos e do Caribe) e Ibas (Índia, Brasil e África do Sul). O documento solicitava o apoio dos países à adoção de uma resolução sobre a situação dos direitos humanos no Irã na 67ª sessão da Assembleia Geral (AG), realizada ontem. (Leia as cartas que foram enviadas ao Chile e ao Brasil).

A resolução sobre o Irã foi apresentada pelo Canadá e por outros países ocidentais, e recebeu 83 votos a favor, 31 contra e 68 abstenções. Aprovada, a resolução segue agora para votação em plenária da Assembléia Geral. “Esperamos que o Brasil reveja sua posição e vote a favor da resolução quando os 193 países da ONU votarem o texto em plenário”, disse Camila Assano.

O regime iraniano é responsável por 140 execuções entre janeiro e julho de 2012. Além disso, as sentenças no país são excessivamente longas e desumanas, incluindo flagelação, amputação de membros e apedrejamento são comuns no país, bem como a perseguição a minorias religiosas.


+ Info

No site da Conectas:

Dilma tem nova chance para reverter voto do Brasil sobre Irã na ONU
Presidente terá chance de honrar compromisso feito antes de tomar posse e apoiar resolução na Assembleia Geral, condenando regime que tem o maior número de execuções per capita no mundo

Brasil volta a se abster na ONU sobre direitos humanos no Irã
Conectas critica incoerência na política externa brasileira e solicita que o governo reconsidere sua posição na votação final da resolução na Assembleia Geral que acontecerá em dezembro

Conectas e ONG iraniana pedem que Brasil aborde direitos humanos em visita oficial a Teerã
Agenda bilateral não pode ignorar as mais de 670 execuções cometidas pelo regime em 2011

Na imprensa:

Artigo de opinião da Conectas e da ICHRI na edição de domingo (25/11/2012) do jornal O Estado de S. Paulo
Hora de o Brasil mudar seu voto sobre o Irã
Manter a mesma posição dos últimos anos na Assembleia-Geral da ONU reforça mensagem de ‘carta-branca’ para violações

Matéria do jornal Folha de S. Paulo (28/11/2012) sobre abstenção do Brasil, com posição da Conectas.
Brasil se abstém em condenação ao Irã
Segundo Itamaraty, resolução aprovada ontem na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, é ‘desequilibrada’
Texto exige o fim de violações de direitos humanos como mortes por apedrejamento ou enforcamento público

Artigo de opinião da Conectas e da ICHRI na edição de 21/11/2012 do jornal O Estado de S. Paulo
Dilma e a liberdade no Irã
Brasil tem de agir com responsabilidade e condenar os abusos iranianos em votação na Assembleia-Geral

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