O país havia deixado o acordo em janeiro de 2019, no início do governo Jair Bolsonaro, alegando que o Pacto supostamente representava uma ameaça à soberania nacional. Esta decisão foi amplamente criticada pela Conectas e organizações que trabalham pelos direitos dos migrantes.
Sem vinculação jurídica, o acordo foi assinado em dezembro de 2018 por 164 países, incluindo o Brasil, para reforçar a cooperação internacional sobre migração. Ele destaca 23 objetivos como facilitar a regularização migratória, fornecer serviços básicos para migrantes e eliminar todas as formas de discriminação.
De acordo com Camila Asano, diretora-executiva da Conectas Direitos Humanos, o retorno do Brasil ao Pacto está de acordo com os princípios da Lei de Migração (13.445/17) de considerar a migração como um direito humano, e não uma questão de segurança nacional.
“O retorno ao Pacto pode ser encarado como mais um ato dos recentes revogaços de políticas anti-direitos do governo Bolsonaro e coloca o Brasil de volta como referência internacional em matéria de migração e refúgio, com voz potente nas discussões sobre o tema nos fóruns internacionais”, afirmou Asano.
Ela lembra que, ao voltar a assumir seus compromissos internacionais em migração, o Brasil beneficia também aos brasileiros que vivem no exterior, que atualmente são em número maior do que o de migrantes vivendo no país.
Em nota, o Itamaraty afirma que, em razão da saída do Pacto, o Brasil deixou de participar de iniciativas sobre a implementação do documento em 2019 e que o retorno reforça o compromisso do Governo brasileiro com a proteção e a promoção dos direitos dos mais de 4 milhões de brasileiros que vivem no exterior.
O que é o Pacto Global
Inspirado na Carta das Nações Unidas e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Global para Migração foi assinado por 164 países, entre eles o Brasil, em dezembro de 2018, em conferência que ocorreu em Marraquexe, no Marrocos.
Trata-se de um documento abrangente para melhor gerenciar a migração internacional, enfrentar seus desafios e fortalecer os direitos dos migrantes, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e expressa o compromisso coletivo dos Estados-membros de melhorar a cooperação na migração internacional.
O Pacto “reconhece que nenhum Estado pode abordar a migração sozinho e defende sua soberania e suas obrigações sob a lei internacional”. O documento apresenta uma estrutura cooperativa não juridicamente vinculante que se baseia nos compromissos acordados pelos próprios Estados há dois anos na Declaração de Nova Iorque para Refugiados e Migrantes.
De acordo com a ONU, atualmente 258 milhões de pessoas estão deslocadas ou são migrantes, o que representa 3,4% da população mundial.
O documento destaca 23 objetivos para a cooperação internacional em relação à imigração. São eles: