Avenidas digitais
Como transformar a realidade a partir do ativismo online
Katitza Rodriguez, da EFF apresentou modelos e procedimentos para garantir a segurança na rede
Participantes do XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos desenvolveram, na manhã da quarta feira (27/5), duas atividades práticas simultâneas sobre mobilização e segurança online. As oficinas estavam sob a coordenação de Anna Lívia Arida, diretora Executiva da plataforma Minha Sampa, e Katitza Rodriguez, diretora de Direito Internacional da EFF (Eletronic Frontier Foundation). A experiência mostrou a importância das estratégias online como complemento às ações desenvolvidas nas ruas pelas organizações de direitos humanos.
“É muito difícil engajar as audiências. Quando confrontadas com um problema, as pessoas não sabem como ajudar. Elas se sentem desesperadas, assustadas. Por isso, quando comunicamos sobre uma causa sempre precisamos dizer o que as pessoas podem fazer para transformar aquela realidade”, afirmou Anna Lívia Arida. Para funcionar, explica, essa comunicação deve ser construída sobre um objetivo claro, um público alvo bem definido e táticas adequadas. “Você precisa ter uma demanda concreta e mostrar que é possível vencer a causa.”
Ao final da exposição, Ana Lívia dividiu os participantes em pequenos grupos. Com um jornal fictício em mãos, eles tiveram de escolher uma causa e construir uma estratégia de comunicação.
Katitza Rodriguez, por sua vez, apresentou para o outro grupo os métodos mais usados pelos governos na vigilância a civis e movimentos sociais. Entre os procedimentos mais comuns, explicou, está o uso de metadados – ferramentas capazes de transcrever informações de arquivos encriptados.
Katitza também lembrou que a aplicação de protocolos de segurança não garante proteção, já que muitos ativistas ainda são fisicamente perseguidos, agredidos e torturados a fim de revelarem informações. “As pessoas sempre acham que seus dados só serão vazados a custo de muito investimento tecnológico, mas torturas e sequestros ainda são usados com muito mais frequência”, explicou.
Durante atividade, o grupo de Katitza simulou um debate sobre veganismo cuja conclusão, afirmou, serve como metáfora de como deve ser nossa atitude diante dos riscos da internet: nem totalmente desconfiada, nem totalmente ingênua. “Segurança não é um produto, é um procedimento. Você pode achar que não precisa dela ou da privacidade, mas você pode criar meios para preservá-la.”
Esse texto foi produzido por Agnes Sofia Guimarães e Danilo Oliveira e faz parte da Cobertura Colaborativa do XIV Colóquio.
