Um ato realizado ontem, 26, na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo) pediu a implementação no Estado de um Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, nos moldes do mecanismo nacional criado em 2013.
Na presença de personalidades como José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, que integraram a Comissão Nacional da Verdade, e Sérgio Salomão Shecaira, professor de Direito Penal da USP, entidades de direitos humanos e defensores públicos estaduais entregaram um pré-projeto de lei à candidatura do deputado Carlos Bezerra, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), para a criação do mecanismo.
São Paulo é hoje o Estado que mais prende no Brasil. São mais de 240 mil pessoas encarceradas, o que representa 35% da população prisional do país. Atualmente, nove Estados já promulgaram leis para a criação do mecanismo: Alagoas, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Rio de Janeiro e Rondônia.
“O atraso de São Paulo em criar seu próprio mecanismo de prevenção e combate à tortura é um desrespeito à lei nacional e pode ser lido como um ato de negligência com relação à situação degradante dos presídios paulistas”, declarou Rafael Custódio, coordenador do programa de Combate à Violência Institucional da Conectas. “Temos o compromisso do deputado Carlos Bezerra em pautar a Alesp sobre o tema. Então esperamos que o executivo paulista tenha a sensibilidade para aprovar esse importante instrumento civilizatório”, concluiu.
O que é
O Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura está previsto na lei 12.847/13 e no Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, ratificado pelo Brasil em 2007.
Esses órgãos são compostos por especialistas independentes e com acesso livre a qualquer local de privação de liberdade. A partir de inspeções, os membros do mecanismo podem solicitar a instauração de inquéritos, fazer perícias, elaborar relatórios, fazer recomendações, sistematizar dados e sugerir políticas públicas.