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04/05/2018

Ativistas de direitos humanos são alvos de ameaças no Pará



Cerca de 10 ativistas e defensores de direitos humanos têm sofrido ameaças e intimidações por se oporem à instalação da mineradora Belo Sun, na Volta Grande do Xingu, no Pará. Integrantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre e Cooperativa Mista dos Garimpeiros da Ressaca, Galo, Ouro Verde e Ilha da Fazenda relatam agressões e intimidações perpetradas por servidores da prefeitura de Senador Porfírio e também por pessoas ligadas ao empreendimento.

Os episódios de conflito se concentram em momentos de reuniões dos movimentos, e o caso mais emblemático ocorreu durante um seminário promovido pela Universidade Federal do Pará, quando o prefeito de Senador Porfírio invadiu o encontro e tomou a palavra, proferindo um discurso a favor da mineradora. Diante das ameaças constantes, algumas pessoas ameaçadas deixaram o local e hoje vivem em outros municípios.

A Conectas e outras cinco organizações parceiras enviaram um apelo urgente aos procedimentos especiais da ONU denunciando a situação. No documento, as entidades pedem para que tanto o Canadá – país de origem da Belo Sun – e o Brasil tomem medidas protetivas em relação aos ameaçados. As entidades solicitaram que a licença para exploração não seja concedida..

>> Leia a denúncia, na íntegra.

“O caso da Belo Sun é muito particular porque, enquanto todos as atenções estavam voltadas à construção de Belo Monte, o projeto de exploração da mina de ouro, nas adjacências, foi avançando. Felizmente a licença ambiental está suspensa, o que mostra o quão devastadores serão os impactos socioambientais de mais um megaempreendimento na região. Mas as comunidades locais já estão sofrendo os efeitos negativos, e uma das grandes preocupações é a destinação dos rejeitos, que estão estimados em 504 milhões de toneladas”, comenta Caio Borges, coordenador de Desenvolvimento e Direitos Socioambientais da Conectas.

Além da Conectas, assinam a denúncia a AIDA Américas; Cooperativa Mista de Garimpeiros de Ressaca, Galo, Ouro Verde e Ilha da Fazenda; Defensoria Pública do Estado do Pará; Justiça Global e Movimento Xingu Vivo para Sempre.

Maior acionista vende ações

Uma das principais acionistas do empreendimento, a empresa canadense Agnico Eagle Mines, vendeu sua participação após pressão popular. Uma campanha mobilizada na plataforma Avaaz reuniu quase 800 mil assinaturas pedindo para que a Agnico se retirasse do negócio. Em 20 de abril, a companhia anunciou a venda das ações. A mineradora Belo Sun, responsável pelo projeto da Volta Grande do Xingu, tem outras cinco acionistas, mas a composição acionária atualmente passa por mudanças após a saída da Agnico.

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