Organizações de direitos humanos, movimentos de favela e o PSB (Partido Socialista Brasileiro) pediram, na terça-feira (24), que o STF (Supremo Tribunal Federal) rejeite o plano de redução da letalidade policial enviado à Corte pelo governo do Rio de Janeiro em março deste ano, no âmbito da ADPF 365, conhecida como ADPF das Favelas.
O pedido ao STF ocorreu no mesmo dia em que uma operação conjunta das polícias fluminenses causou pelo menos 22 mortes na Vila Cruzeiro, no Complexo de favelas da Penha. A ação das forças de segurança pública também provocou o fechamento de 19 escolas e dois centros de saúde, de acordo com informações divulgadas pela imprensa.
“É necessário que o STF estabeleça um limite à letalidade policial já, e tal resposta deve se iniciar pela imediata rejeição do Plano de Redução de Letalidade Policial apresentado pelo Estado do Rio de Janeiro”, afirma a petição.
Em 2020, por conta da pandemia de covid-19, as entidades que participaram do caso como amicus curiae solicitaram a suspensão liminar de todas as operações policiais não essenciais. Em uma decisão histórica, o ministro relator Edson Fachin acolheu o pedido, que foi ratificado posteriormente pela maioria do plenário – o único voto dissidente foi de Alexandre de Moraes. O STF também vetou o uso de helicópteros como plataforma de tiro, restringiu operações policiais em perímetros escolares e hospitalares, determinou a preservação dos vestígios da cena do crime e evitar remoções de corpos para a realização de perícia.
“Não bastasse o evidente desrespeito à cautelar referendada pelo Plenário desta Corte, a Polícia Militar do Rio de Janeiro ainda se valeu da oportunidade para responsabilizar a decisão do STF pela suposta ‘migração de criminosos ao estado’, em busca de ‘esconderijo'”, dizem.
De acordo com a petição das entidades, o plano de redução de letalidade policial deve ser elaborado considerando os seguintes pontos:
Apresentada ao STF em novembro de 2019, a ação é movida por diversas entidades, movimentos e coletivos na linha de frente da resistência contra a letalidade policial. Participaram deste processo a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Educafro, Justiça Global, Redes da Maré, Conectas, Movimento Negro Unificado, Iser (Instituto de Estudos da Religião), Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial, Coletivo Papo Reto, Coletivo Fala Akari, Rede de Comunidades e Movimento contra a Violência, Mães de Manguinhos – e também o Observatório de Favelas, Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni/UFF), Maré Vive, Instituto Marielle Franco, Conselho Nacional de Direitos Humanos e o CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania). Mais recentemente, o Movimento Mães de Maio também passou a fazer parte da ação como amicus curiae.