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14/09/2015

A busca tem que continuar

Exposição em solidariedade às famílias dos 43 desaparecidos de Ayotzinapa é inaugurada no México dias após especialistas da OEA questionarem a versão do governo sobre os fatos

Exposição em solidariedade às famílias dos 43 desaparecidos de Ayotzinapa é inaugurada no México dias após especialistas da OEA questionarem a versão do governo sobre os fatos Exposição em solidariedade às famílias dos 43 desaparecidos de Ayotzinapa é inaugurada no México dias após especialistas da OEA questionarem a versão do governo sobre os fatos

Neste último sábado (12), a duas semanas da data que marca um ano desde o desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa, a Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, que os jovens frequentavam, inaugurou uma exposição em solidariedade aos familiares das vítimas. A exibição internacional do fotógrafo argentino Marcelo Brodsky, organizada pela Acción Visual, conta com 52 fotografias tiradas em 16 países. Uma das imagens foi feita no Brasil e retrata mais de 50 participantes do XIV Colóquio Internacional de Direitos Humanos, realizado em São Paulo em maio deste ano.

“Estou aqui para expressar nossa solidariedade e dizer que a dor mexicana é sentida por nós no Brasil”, afirmou Jessica Carvalho Morris?, diretora Executiva da Conectas, durante a inauguração da mostra. “Exigimos resposta do Governo mexicano sobre o desaparecimento dos 43 estudantes e dos mais de 25 mil desaparecidos nos últimos nove anos”, concluiu.

Veja a galeria com as fotografias que estão em exposição:

Além de pais, parentes e amigos dos jovens desaparecidos, o evento contou com a presença de Gaston Chillier, diretor Executivo do Cels (Centro de Estudos Legais e Sociais); Jessica Carvalho Morris, diretora Executiva da Conectas; e Abel Barrera Hernández, diretor do Centro de Direitos Humanos de Tlachinollan.

Versão oficial em xeque

Depois de seis meses de investigações, um grupo de especialistas independentes indicados pela CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) publicou um relatório que coloca em xeque a versão oficial do governo mexicano sobre o caso. O documento foi apresentado na Cidade do México no dia 6/9.

Os peritos enfatizaram que os estudantes não devem ser dados como mortos, mas como desaparecidos, e que a busca tem que continuar. O informe contraria a afirmação da PGR (Procuradoria Geral da República) de que os jovens teriam sido queimados em um aterro de uma cidade vizinha a Iguala – onde ocorreu o ataque contra os jovens.

“Não existe nenhuma evidência que apoie a hipótese gerada a base de testemunhos de que 43 corpos foram cremados em aterro municipal de Cocula em 27 de setembro de 2014”, cita uma das conclusões do relatório. O documento ainda aponta diversas falhas na condução da investigação pela PGR, entre elas a falta de atenção e a perda de evidências que poderiam servir como provas sobre o crime, como roupas e objetos que poderiam ser das vítimas e vídeos feitos por câmeras de segurança em um dos locais dos desaparecimentos.

Nos poucos dias de sua publicação, o relatório já tem servido para familiares dos estudantes desaparecidos e organizações pressionarem o governo mexicano a dar novos esclarecimentos sobre o caso. No mesmo dia em que veio à tona, parentes das vítimas exigiram, em nota pública, uma reunião com o presidente do México, Enrique Peña Nieto, e a permanência do GIEI no país por tempo indefinido.

O mesmo pedido foi endossado por entidades de direitos humanos em carta aberta publicada nesta sexta-feira, 11/9. As instituições ressaltaram a relevância das informações trazidas pelo relatório do grupo de especialistas e solicitaram ao governo mexicano o cumprimento integral de suas recomendações.

“Consideramos essencial que o governo mexicano cumpra também com estas recomendações, como um primeiro passo para pôr fim à espiral de impunidade que tanto tem lastimado a sociedade mexicana durante décadas”, afirmam as instituições.

Recomendações

A equipe de especialistas elencou no relatório uma série de recomendações específicas sobre o caso dos 43 estudantes de Ayotzinapa, desde o âmbito da investigação e a responsabilidade estatal pelos crimes até a atenção aos familiares e vítimas.

Entre as sugestões estão a unificação das averiguações para que haja uma visão integral do ocorrido, a consideração de outras violações de direitos humanos identificadas no caso, como homicídios a queima roupa, encobrimento da justiça e abuso de autoridade e investigação de denúncias de tortura.

Leia aqui o relatório do GIEI na íntegra.

Leia aqui a nota pública dos familiares das vítimas.

Leia aqui a carta aberta de organizações de direitos humanos.

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