“Se antes era mais fácil definir quantos Estados, quem falava, quem tinha poder, quem não tinha poder, hoje não é mais assim. Há uma multiplicidade de atores, de fluxos, de pessoas, e até, de alguma maneira, essa multiplicidade relativiza o poder ou descentraliza o poder.”
A afirmação acima foi feita por Lucia Nader, diretora executiva da Conectas, em palestra durante o XIII Colóquio Internacional de Direitos Humanos. O evento, promovido em setembro de 2013 pela organização, contou com a presença de cem ativistas de mais de 40 países, que vieram ao Brasil para discutir a existência de uma “nova ordem global em direitos humanos”.
Em tese, os participantes deste países vinham, eles mesmos, de países que deveriam ocupar um novo espaço, muito mais importante, visível e efetivo, nas relações internacionais, especialmente em temas de direitos humanos. Mas as dúvidas a respeito da real existência deste novo contexto de multipolaridade eram enormes. E ainda hoje a emergência e a submersão destes atores lança dúvidas sobre o quanto o mundo de fato está mudado desde o fim da Guerra Fria (1991).
Em sua fala, Lucia questionou a “multipolaridade” em todos os seus sentidos – seja quanto ao protagonismo dos Estados e das empresas, seja em relação à atuação das ONGs de direitos humanos do Sul Global e de seus cidadãos. “Hoje, 25% do PIB global e 45% da população está nos chamados Brics (Brasil, Índia. África do Sul, China e Rússia)”, disse Lucia, questionando qual é e qual será o papel destes novos atores na relação entre os Estados do mundo.
Multipolaridade é um dos aspectos-chave do debate sobre política externa e direitos humanos, abordado na edição 19 da Revista SUR, editada e publicada pela Conectas há 10 anos, em três idiomas e com distribuição para mais de cem países.