É perceptível a tensão entre manifestantes que protagonizaram protestos nos últimos anos em todo o mundo e as organizações de direitos humanos. Para Sara Burke, analista política da FES (Fundação Friedrich Ebert), o motivo é o fato de as organizações procurarem “gerenciar” os grupos que protestam, sem perceber que os manifestantes não se sentem representados por elas.
Em artigo publicado na Revista Sur 20, ela afirma que lideranças dos movimentos de protestos se beneficiariam ao defender também a bandeira dos direitos humanos, mesmo quando, à primeira vista, suas pautas não tenham uma ligação óbvia com o tema. Burke afirma ainda que as entidades devem compreender quais são as verdadeiras razões que estão levando as pessoas às ruas.
“As organizações devem se empenhar para atuar mais como plataformas, como espaços onde os manifestantes possam se engajar, sem se sentir representados, mas sim subir no palco em seus próprios nomes”, explica Burke, em vídeo gravado durante o lançamento da Revista em Nova Iorque (veja abaixo).
A análise de Burke parte dos resultados apresentados na pesquisa “World Protests 2006-2013”, produzida por ela e um grupo de pesquisadores da FES, que analisou mais de 800 manifestações, ocorridas entre 2006 e 2013, em 84 países, no intuito de mapear e compreender as tendências dos protestos globais.
O estudo aponta que a maioria das manifestações realizadas neste período estavam pautadas em temas relacionados à justiça econômica e no fracasso das representações políticas.
Os protestos reclamando por direitos, como igualdade racial, liberdade de expressão e direitos LGBT, foram equivalentes a 20% das demandas.
Leia aqui a íntegra do artigo publicado na Revista SUR 20.
Assista a entrevista em vídeo com Sara Burke: