Organizações da sociedade civil se manifestaram contra o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia, que declarou que ambientalistas e representantes do agronegócio haviam chegado a um acordo sobre o Projeto de Lei 3.729/2004. No centro do debate estão os novos parâmetros de licenciamento ambiental, sobre os quais as organizações discordam e afirmam não ter chegado a nenhum acordo com a chamada bancada ruralista.
Os ativistas afirmam que não apoiam o PL porque, para eles, o texto deixa o meio ambiente vulnerável. Atualmente, o projeto prevê a dispensa de licenciamento ambiental para atividades agropecuárias, independentemente de seu impacto, além de criar o licenciamento autodeclaratório e flexibilizar uma série de exigências ambientais.
As entidades evocaram a tragédia do Rio Doce e o vazamento de rejeitos da empresa Hydro Alunorte para exemplificar potenciais prejuízos da aprovação do texto. “O propagado (e fictício) acordo apenas presta-se a criar um falso ambiente de entendimentos, que resultará no desmonte da política de licenciamento brasileiro pelo Congresso”, contestaram.
Em setembro de 2017, Rodrigo Maia recebeu ambientalistas, artistas e indígenas, e se comprometeu a não votar o licenciamento ambiental sem antes debater o tema com a sociedade civil, o que ainda não ocorreu. As organizações, portanto, pedem para serem ouvidas e lamentam a possibilidade de que “o interesse econômico imediato de uma minoria — como a bancada ruralista — novamente prevaleça sobre os de todo o país”.
Uma carta aberta manifestando preocupação com o PL 3.729/2004 foi assinada por 46 organizações, incluindo a Conectas, o Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) e o ISA (Instituto Socioambiental).